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Foto do escritorProfessor Seráfico

E agora, manés?

É preciso que alguém pergunte ao governador Wilson Lima, ao prefeito David Almeida e aos seguidores de ambos, embevecidos admiradores e cúmplices do ex-Presidente que as urnas depuseram, como farão para trazer até o Amazonas os benefícios da nova política de preços dos combustíveis. A mesma pergunta não deve ser feita ao governador da Bahia, embora seja essa a outra unidade federativa vitimada por processo a que ele não se acumpliciou. Desde que se inventou, divulgou e impôs a transferência do patrimônio construído pelos brasileiros para o controle do setor privado, não se tem experimentado resultado diferente. Em todos os casos, a primeira providência dos novos donos vem sendo a demissão de expressivo contingente de trabalhadores de seus quadros. Um tal de enxugamento que ameaça matar de fome e sede - e como o tem feito! - milhões de famílias, Brasil adentro. Nada tenho contra a iniciativa privada, e se o tivesse, a Constituição conteria qualquer ímpeto voluntarioso que eu pudesse manifestar. Sei, porém, que a mesma Constituição estabelece limites ao exercício do direito de propriedade. Tanto quanto elege a redução das desigualdades individuais e regionais como objetivo da solenemente chamada República Federativa do Brasil. Já se sabe - e não é de hoje - das formas como se têm constituído muitas das fortunas pessoais e empresariais, neste país. Não sei, porque há especialistas no assunto, e eles é que deveriam tratar disso sem vieses, quantas e quais as fortunas produzidas pela desigualdade, como se esse fosse o mandamento constitucional. Suspeito, porém, que sem gordas e fáceis montanhas de dinheiro público, muitas dessas fortunas não se teriam construído. E, em consequência, menores seriam os problemas sociais com os quais nos havemos, cada dia com maior grau de gravidade. À facilidade com que grupos privados têm esvaziado os cofres públicos e a leniência aplicada aos que fazem uso indevido desses recursos foi somada a privatização, sem qualquer outra consideração, não fosse aprofundar a desigualdade social, em concomitância com o enriquecimento por todos os títulos injusto, ilegítimo e ofensivo à Constituição. À democracia, obviamente. Exemplo palpável e recente desse enorme malefício imposto às populações do Amazonas e da Bahia desnuda a consequência mais perceptível da privatização. As refinarias Landulpho Alves e Isaac Sabba, antes controladas pelo governo brasileiro, foram privatizadas. Por causa disso, a esperada redução no preço dos combustíveis não afetará esses Estados. Com a agravante de que, transferida também para o controle do setor privado, de nada adiantará a distribuidora BR receber combustíveis refinados em outras unidades da Federação. Deixo para outra oportunidade a escrita sobre outra farsa, o tempero que faltaria à maléfica intenção de intensificar o processo de selvagem acumulação de que os brasileiros somos vítimas. Refiro-me à criação das tais agências reguladoras, cujo papel, até aqui, não é senão proteger e resguardar os interesses do capital. Como anunciei que isso é assunto para outra oportunidade, cumpro a promessa.

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