Dráuzio Varella - fiel a Hipócrates
- Professor Seráfico
- 20 de abr.
- 2 min de leitura
O médico Dráuzio Varella, dos mais destacados dos brasileiros discípulos de Hipócrates, gravou vídeo em que ressalta a importância do SUS e a contribuição que esse sistema tem dado à saúde dos seus compatrícios. A tal ponto o conhecido professor e pesquisador leva sua admiração e seu entusiasmo pelo Sistema Nacional de Saúde, lembrado por ele como o único no Mundo capaz de atender população de 210 milhões de habitantes. Para enfatizar seus sentimentos, Varella chega a dizer que "em país rico, até eu faria melhor". Desde quando superei certa reserva à frequência com que o respeitado médico vinha à Amazônia e aqui desenvolvia práticas que hoje merecem minhas homenagens, passei a admirar esse filho de imigrante italiano, tornado dos melhores brasileiros que se possam conhecer. O que não quer dizer total e absoluta adesão às suas palavras, ações e teses, eis que identifico uma contradição no pronunciamento agora chegado ao meu conhecimento. Quando diz que em "país rico...", Dráuzio revela desatenção para alguns aspectos que merecem, a meu ver, ser objeto de mais profunda análise. Especialmente, os que se relacionam ao imenso - quase desconhecido, convenhamos - potencial de riqueza contido no território brasileiro. Mais, ainda, a enorme disposição da maioria dos cidadãos em contribuir para que esse potencial seja legítima e cuidadosamente explorado, sem comprometer ou prejudicar a sobrevivência das gerações vindouras. Não somos, definitivamente, um "país pobre"! Acontece, porém, que as formas como são exploradas as riquezas contidas no solo, no ar, nas águas e na sociedade brasileira não se têm destinado à melhoria das condições de vida da população em geral. A realidade, de tão ostensiva e agressiva, dispensa maior e mais profunda observação. Basta olhar para os 141.000 brasileiros que abocanham a maioria do produto interno bruto, vis-a-vis as milhões de famílias que sobrevivem, à custa de muito sacrifício. É o que nos disse, mais uma vez recentemente, a recusa do Congresso em taxar as grandes (fabulosas não seria exagero dizer)fortunas. Sem que, por causa disso, aquela porção reduzidíssima perdesse os privilégios que sustentam seus caprichos, suas vaidades - e, também, sua perversidade. Salvo uma ou outra pessoa pobre que pensa como pensam seus exploradores e adere às suas injustas reivindicações, ainda que com apenas um batom, a maioria está convencida, primeiro, da excelência que poderiam conter os serviços do SUS; depois, quanto isso impactaria a qualidade de vida da quase totalidade dos habitantes do Brasil. Sem que isso reduzisse o acesso de um só dos ocupantes do topo da pirâmide econômica de frequentarem escolas e hospitais caros e satisfazerem mesmo suas necessidades conspícuas. Nenhuma delas, como se sabe, próxima das necessidades primárias cuja satisfação é negada à maioria dos brasileiros. Dráuzio tem razão, quanto à admiração que nutre pelo SUS. Mais teria, ainda, se pusesse o dedo nessa ferida que toma ares de incurável: são o egoísmo e a perversidade que o nutre os responsáveis pela desigualdade social que nos caracteriza.
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