Dobram os sinos da igreja
o suor do sineiro exalando
vida, esperança
no céu-mundo espalhada
vontade de amor, paz
bonança.
Ramificam-se multiplicados
abrangentes
dor instante sofrimento
pungente
redução de sonhos
e de quanta gente!
Em algum lugar
há-de haver
alvissareiro
tocar de dobrado
traiçoeiro
sorriso maroto
alegre o mensageiro
cova cavada para receber
primeiro
desfile que se vai
fazendo urgente
inaugura-o o
pai
avô foi antes
a mulher seguindo seus
não-passos
à espera da vez indesejada
quando então
faltará força a
qualquer dos braços.
Outras dobras
sem sinos
ou qualquer gota de suor
embora
alimenta sanha vil
de assassinos
a rir de todos
no salão na praça
no covil
proclamando chegada
inevitável hora.
Manaus, 21-03-2021, domingo quase-de ramos
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