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Democracia e paz

Há certa impropriedade em dizer-se ser hoje o dia da eleição presidencial dos Estados Unidos da América do Norte. Na verdade, faz dias, eleitores têm enviado seus votos pelo correio, se não os entregam nas seções eleitorais, o que significa que a escolha do novo governante norte-americano apenas se conclui neste 5 de novembro. Tanto quanto parece evidência de quanto gostamos de ser enganados, ao destacar supostas virtudes democráticas ao sistema político daquele pais. Como admiti-lo, na probabilidade de ser eleito quem teve menos votos nessa eleição majoritária? A não ser que se revoguem, pelo menos, duas características do sistema político que Churchill dizia o pior, salvo todos os demais sistemas existentes. A primeira dessas características diz respeito à prevalência da vontade majoritária dos cidadãos. Quem tem mais votos derrota quem os têm em menor quantidade. O outro, a forma indireta, que atribui não ao conjunto de eleitores, mas a seus delegados, a escolha do chefe do Poder Executivo. É como se pudéssemos dar a tal desenho político o título de uma democracia diferente. Pelo menos, dissemelhante do que é consagrado na maioria das nações, mais ou menos governadas segundo os princípios fundamentais que vêm da Grécia e suas alterações posteriores, em todo caso mais avançadas, no que concerne à vontade de cada cidadão. Só esse desvio bastaria para dar razão a Lula, por apontar a relatividade da democracia. Também não será desprezível constatar que o declínio experimentado pelo poderoso império instalado na porção Norte do continente americano não foi capaz de incluir e realizar o sonho dos imigrantes que apostaram em suas virtudes. Igualmente oportuno é lembrar quantas as vezes em que o império dito democrático atentou contra o direito de outros povos, na tentativa de subjuga-los e impor seus valores e preconceitos. O apoio ao massacre dos palestinos e o enfrentamento na Ucrânia são exemplares, embora não exclusivos. Não haverá democracia, lá onde haja preconceito e hostilidade contra outros cidadãos. De Roma nos vem o exemplo, velho de séculos. Os bárbaros de hoje já não aceitam a pax romana.

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