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Dar as mãos às mulheres

Hostil à dedicação de um só dia do ano a homenagear este ou aquele profissional, este ou aquele sentimento, hoje fujo à regra. E sou levado a lembrar do Dia Internacional da Mulher, menos pelo que ele multiplica a venda de produtos para mulheres, que pela inclusão de Anielle Franco dentre as 12 mulheres mais respeitadas no Mundo. Também não é o fato de ser a prestigiada e poderosa revista Time a iniciativa de destacar a atual Ministra da Igualdade Racial, colocando-a em sua lista. A novidade vem por conta de Anielle ser uma preta, favelada e militante das causas relacionadas a um dos mais graves indicadores da tragédia por que passam os de sua classe social - lá onde o destaque lhe foi dado, como aqui, onde sua irmã de sangue foi abatida. Comove-me, sobretudo, a disposição de Anielle em não abandonar a luta a que se entrega, até certo ponto - como ela mesma confessou - para não deixar cair no esquecimento o assassinato de Marielle. Não se pode exigir que outras mulheres se exponham a perder a vida como a perdeu a vereadora fluminense. Pode-se sugerir, contudo, que vejam no exemplo de Anielle conduta capaz de motivá-las todas a participar de mãos dadas com os defensores das causas abraçadas pela professora e tantos outros que se fazem seus companheiros.

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