Os filósofos da Escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, cunharam o termo "Indústria Cultural" e desenvolveram uma teoria da expansão do capitalismo através da reprodução do consumo de produtos culturais na vida dos indivíduos.
A indústria cultural cria uma cultura de massa produzindo padrões e reproduzindo valores morais, comportamentais, éticos, de acordo com os interesses do capitalismo e de sua classe hegemônica.
Na cultura de massa todos viram consumidores. Não há individualidade, mas sim homogeneização. Não há estética, já que tudo vira produto de consumo, como qualquer outro bem de consumo capitalista.
A cultura de massa tem seus produtos artísticos e culturais "fabricados" com a expectativa do consumo e da difusão dos valores de dominação de classe. Neste sentido, os meios de comunicação se tornam parte intrínseca da indústria cultural, assim como gravadoras, indústrias cinematográficas, empresas de tv, teatro etc.
Os produtos da indústria cultural são produzidos em escala e postos à venda massivamente. Assim se criam ritmos musicais, por exemplo, dentro de gravadoras e passam a alcançar a grande massa através dos meios de comunicação. Ou seja, não se trata de um ritmo criado pelo povo.
A cultura popular é diferente da cultura de massa. Ela não é produzida pelo mercado, mas pelo povo. Surge da experiência de vida e da criação coletiva em lugares de interação social e com história a ser contada. Assim surgiram o samba, o folclore, o funk, o sertanejo de raiz. Eu disse sertanejo de raiz, pois um tal "sertanejo universitário" não surgiu no sertão nem na universidade; surgiu nos estúdios de gravadoras. Ou seja, é um produto de consumo capitalista, feito para enriquecer poucos e alienar muitos.
Faço essa singela explicação para recolocar nos seus devidos lugares conceitos elementares para compreensão do mundo. Recusar produtos da indústria cultural não é elitismo. Trata-se de uma postura de classe. Nosso povo produz cultura e se é vítima da cultura imposta é porque assim age a classe dominante, seu sistema econômico e sua indústria de propagação ideológica.
Aceitar um produto feito para alienar os indivíduos coletivamente como sendo obra do povo é desconhecer o papel da ideologia dominante no sistema capitalista. É aceitar se tornar também uma coisa, um produto.
Não custa nada visitar Antônio Gramsci e bater um papo com ele.
Lúcio Carril
Sociólogo
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