Tento, sem alcançar o objetivo, entender o ser humano. Ou, admito, entendo-o até razoavelmente. Como a maioria das pessoas. Tenho sempre a impressão da enorme complexidade que acompanha o animal dito superior, talvez desde que ele se pôs sobre as duas patas traseiras. Ser contraditório - por sua própria natureza, quem sabe? - ou pelo que mais seja: os interesses, as experiências testemunhadas ou vividas; os fracassos ou lições contabilizados; vitórias e triunfos alcançados. Qualquer que seja a razão, muitas vezes quando ela está ausente, nenhuma história de vida é escrita sem altos e baixos. Nem na vida individual há a planura que muitos atribuem ao Planeta. O viver não se faz, se não em um sobe-e-desce constante, vivam-se apenas algumas horas, sejam vividas seja lá quantas décadas forem. Recolher exemplos disso seria o mesmo que pretender a eternidade como limite. Eles estão no homem que todas as manhãs reza com aparente fervor diante de imagens santificadas e, poucas horas depois, assina cheques de vultosa importância. Sem essa providência não chegariam ao DOI-CODI os instrumentos usados para torturar e roubar a vida de tantos brasileiros. Também a ilustração da contradição humana pode ser vista no que diz seguir valores professados pelo Crucificado, mas não se nega, ele mesmo, a aplaudir o armamentismo desenfreado, responsável pela perda de tantas vidas. Como contraditório é o defensor da desigualdade que dedica algumas horas da noite para distribuir alimentos aos que têm fome e sobrevivem na rua. É bem certo que esses, de casca generosa, esperam reserva no lugar que pensam de direito reivindicar, no reino para o qual ajudam a mandar boa parte dos pobres do Planeta. Passam-se por caridosos porque não lhes falta o hábito do cálculo, arma de que se utilizam no mais perverso dos pragmatismos. O de cima, estando em todo lugar, talvez testemunhe o falso sacrifício e decida socorrê-los, quando for chegada sua própria e última hora. E quantos, em nome do que reina em outra dimensão - se ela existe, mesmo! -, matam em nome dele! Contradição ou mero cálculo, o fato é esse. Desse sórdido espetáculo ninguém é poupado, a menos que, propositalmente ou não, no seu peito não resida um coração. E os neurônios de seu cérebro de existência discutível não tenham espaço para nada além de imenso vazio.
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