Os que gostam de livros e veem nele o mesmo que viu uma das gêmeas com oito anos de idade que me disse fazer com cada um deles uma viagem, com certeza se terão alegrado. Os que percebem só haver morte morrida quando desaba sobre o desaparecido o esquecimento dos que ficam - também esses festejarão a decisão. Os que a tomaram, fazendo-se credores da admiração de toda uma cidade (posso até estar enganado), entendem-se mais que herdeiros do que se foi. São seguidores e, com o maior amor que pode haver, constroem a perpetuidade do falecido pai. Escrevo tudo isso, primeiro para agradecer a decisão de Helena, Carmelita e Moisés, que na próxima quarta-feira, 12 de abril, darão sequência à produtiva atividade cultural da Banca do Largo. Criada e mantida por seu pai Joaquim Melo, um estudioso da região, o pequeno espaço que originalmente era uma banca de revistas, tornou-se uma casa de livros especializada em Amazônia. O crescimento da clientela e a dedicação de Joaquim acabaram por chamar a atenção de profissionais nacionais e estrangeiros, conferindo àquele espaço o prestígio de que ele goza na comunidade intelectual do Amazonas, da região, do País e de outras nações. O que Joaquim pensou seria um sebo atraiu pesquisadores, escritores, estudiosos das mais diversas áreas do conhecimento, de tal modo, que a Banca do Largo passou a ser um ponto de referência de todo visitante da capital amazonense. O projeto Tacacá na Bossa, desde 2015 reunindo toda quarta-feira no Largo de São Sebastião os amantes da boa música, também tem suas atividades inspiradas e promovidas por aquele estudioso da Amazônia, suas coisas e suas gentes. Aos filhos de Joaquim caberá, a partir de agora, levar adiante um projeto que só os mais audaciosos são capazes de criar e desenvolver. Também esses são os que descobrem novos caminhos, atraem companheiros dedicados, reúnem todos em busca do mesmo objetivo e, produzindo a imortalidade de outros -, no caso, do Joaquim Melo -, destacam a memória do ente querido. Que permanece conosco, pelas ações dignificantes de que foi capaz.
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Merecido registro em memória do historiador e livreiro Joaquim Melo,
cultural e politicamente afinado
ao ser natural e social de nossa Amazônia.
Sucesso e tenacidade para os filhos do saudoso Joaquim!