Conservadores e reacionários

A confusão só por acaso pode trazer algum benefício à sociedade. Quando muito, beneficiará parte dela, e nem sempre é despida de propósito. Ocorre, com frequência, de ser fruto do descompromisso com a Verdade. Confundem-se sobretudo ideias e conceitos, pondo-os a serviço, em geral, de causa deletéria. Vivemos um período em que a violência vem-se impondo, eis que o que seria argumento é substituído por pretexto. Seja ele qual for, utilizado sem nenhuma parcimônia, quando não com desavergonhada cara-de-pau. A desigualdade é por todos reconhecida, mas nem todos se dedicam a elimina-la do Planeta. Praticam-se crimes de toda ordem, verbera-se contra os autores, não sendo raro encontrar dentre os "indignados cidadãos" muitos dos que se tornaram objetos de investigação, alguns dos quais submetidos depois ao devido processo legal. Quanto a este, a tentativa de turbá-lo sob as formas mais infames está diretamente ligada às desigualdades sociais - o racismo, o ódio aos pobres e às mulheres, o desrespeito aos idosos e deficientes, dentre muitas outras modalidades de manter privilégios e oprimir os mais fracos e desassistidos. À manutenção dessa realidade dedicam-se os conservadores. Convencidos de que o cenário é fruto das relações humanas, ajudaram na sua construção e, satisfeitos com o resultado, qualquer decisão que altere o nível em que mantêm sua vida e atividades será rejeitado. Conservadores, empenham-se em conservar as coisas como elas são. Há quem se orgulhe disso, como todos sabemos. Há dentre eles, porém, os injustiçados. Não mereceriam ser assim chamados, eis que sua pretensão vai muito além. São os que desejam retroceder não apenas à Idade Média, como frequentemente se ouve e lê. Desejam, de fato, voltar à barbárie. Justo será chamá-los reacionários. Faz pouco tempo, dizer-se de direita ou conservador intimidava os que defendem aguerridamente a desigualdade. Hoje, os portadores dos (des)valores correspondentes bradam seus preconceitos em toda parte - como em Balneário Camboriú, nestes tristes dias. Logo aparecerão os defensores do regresso à barbárie, gritando e proclamando orgulhosamente suas palavras de ordem contra os pobres, as mulheres, os idosos, as crianças e os deficientes. Enfim, contra todos os que lhes parecerem diferentes. E o mundo andará para trás.