As novas tecnologias da informação que na percepção de Marshall Mac-Luhan transformaram o mundo em uma aldeia global, nem sempre têm sido vistas com a seriedade necessária. Talvez aí esteja uma das razões por que o deslumbramento de alguns acabe por obscurecer os cuidados e reservas que devemos ter ao utiliza-las em nosso cotidiano. Trato do efeito das redes (anti)sociais por elas mediadas, cujo espaço se tem tornado seara de discriminações, agressões e ofensas a valores constituintes do que chamamos condição humana. Certo embevecimento fruto da ingenuidade - quando não da ignorância - leva ao cancelamento de qualquer compreensão minimamente crítica. Refiro-me, aqui, não ao sentido negativo da opinião do que observa, mas à isenção necessária à análise do que quer que seja. Negar as virtudes do processo de comunicação e dos avanços que ele pode proporcionar à sociedade humana é tão tolo quanto não ter olhos para ver as distorções e os maus usos desses mesmos avanços. Aqui, destaco uma das visões enviadas, consistente em imaginar e propalar as redes como excelente instrumento de consolidação da democracia. Equivaleria, assim, à ágora grega, conceito e comparação descabida, se considerarmos as peculiaridades do modelo, excludente de parte das populações helênicas. Os olhos fecham-se para as agressões à verdade, propiciadas por ambiente em que a versão é mais importante que o fato. Na linguagem da moda, a narrativa distanciada crescentemente da realidade. Louvar as redes sociais, sem lhes apontar os riscos e os defeitos impostos à verdade e às populações, se não serve à democracia, servirá a quê? Isso precisa ser dito claramente, a despeito de não serem as redes(anti)sociais tão propícias a isso, quanto ao cometimento de crimes praticados sob a cobertura do anonimato. A confusão, então, passa a ser propositalmente produzida, dela aproveitando-se os que temem a verdade e elaboram narrativas desonestas. Para não sermos tão rigorosos, algumas vezes, por raras que sejam, meras tolices.
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