Como as bruxas da Idade Média

Reagimos com vigor à reiterada em crescente grau de hostilidade ofensiva contra a democracia, ou à frente encontraremos situação ainda mais constrangedora. Recentemente, um vereador de Manaus, desses convictos de terem sido escolhidos por algum deus de sabedoria rasa, investiu contra um órgão da educação básica, autoatribuindo-se a condição de censor. A seu único e exclusivo critério, o edil manauense extrapolou de suas funções e obrigações constitucionais para avaliar o que não lhe cabe (nem a outro qualquer vereador), o fato em si mesmo denunciando as intenções com que muitos se esforçam por conquistar o mandato popular. Certo não ser só ele o mandatário que se julga acima da lei e absolutamente desvinculado dos interesses da população ou da parcela que lhe confere o voto. Ele, porém, de forma inadmissivelmente ousada, invade seara que lhe não pertence, seja qual for o pretexto usado. A mínima tolerância que se oferecer ao ato do vereador, por seus pares, pelos meios de comunicação ou qualquer outra agência ou segmento da sociedade, põe-nos sob o risco de testemunhar a fogueira de livros tão bem descrita no filme Farenheit 451. Que os desinformados, por circunstância ou opção, não importa, tratem de ver ou rever o filme de François Truffaut (1966).adaptado de romance de Ray Bradbury. De sobremesa, podem assistir ao filme A onda. Se, espectadores atentos aos quais não faltem os mínimos requisitos e condições do animal que se diz superior, talvez reflitam sobre o tema e deem efetiva contribuição à construção da democracia. A começar pelos remendos tão urgentes quanto necessários.