Porque vinculada em qualquer hipótese ao futuro, a Ciência, aqui e alhures é alvo preferencial dentre os setores que sofrem tenaz e prioritário ataque das forças do atraso. Outros alvos da sanha dos que cultivam e cultuam a barbárie, como a Justiça, as Universidades e as Artes, os produtores de conhecimento sempre amargam tempos de horror, quando a força do obscurantismo e da mentira chegam ao poder. Aqui não seria diferente, sobretudo se as elites nacionais têm preferido aliar-se às forças que, inicialmente aparentam interesse em fazê-las enriquecer com facilidade - e rapidamente. Esse olhar tão curto compromete a tal ponto o discernimento dos protagonistas e lideranças, que eles sequer conseguem ver o destino que lhes espera. De patrocinadores o cúmplices menores, acabam por transformar-se em agentes da catástrofe anunciada. Tal anúncio, entretanto, é doce e hipocritamente ignorado, porque há favas a contar e recolher, ainda que em curtíssimo prazo, e nada mais. Se esse é fenômeno registrado em muitos outros países, no Brasil ele assume proporções mais trágicas. O mais recente e vergonhoso exemplo pode ser contado junto com o número de mortos pela covid-19 e as circunstâncias em que tão aviltantes resultados foram produzidos. Pode-se ir do negacionismo charlatão até a proposital carência de oxigênio. Manaus transformando-se, na ocasião, em epicentro da pandemia. As restrições orçamentárias impostas à Ciência e aos que a produzem no Brasil não foram tudo quanto de mal desabou sobre a comunidade científica, a partir mesmo de boa parte dos estabelecimentos em que seu esforço é despendido. Nem por isso, os cientistas brasileiros e os que admiram sua dedicação e competência sentiram-se à vontade. Ao desestímulo de que as autoridades de ontem (em especial, no período 2019-2022) foram portadoras, opuseram-se vozes dissonantes, muitas delas respeitáveis pelo cabedal de conhecimentos ostentados e postos a serviço da sociedade. Dentre os profissionais e instituições resistentes, figura o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, cujo respeito e prestígio na comunidade internacional é devido, sobretudo, à seriedade com que desempenha seu papel e os resultados no esforço de conhecer cada dia mais a realidade física e social da região. Por isso, deve ser emprestada a maior e mais honesta atenção às manifestações surgidas nos laboratórios e gabinetes do INPA, cuja aproximação com a população de Manaus tem na criação do Bosque da Ciência um momento da maior importância. Pois nenhuma homenagem seria tão gratificante quanto lembrar, neste mês de março prestes a finar-se, a passagem do 28º aniversário do Bosque. Este blog postará, a partir de hoje (no ESPAÇO ABERTO), documentos relativos à santa e sábia rebeldia dos que veem a Ciência como algo benquisto pelos que louvam a Vida. E, da mesma forma, odiado pelos que trabalham pela morte.
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