Choro por ti Amazônia lagrimas no volume do rio das guerreiras.
Choro ao derrubarem tuas arvores. Angelins, castanheiras, ipês... aguanos; imponentes sentinelas inertes que não revidam.
E no solo que fica nu te cobrem com retalhos de vários tons de verde. Choro porque quero te ver num só tom, o verde de floresta virgem.
Choro ao ver secando os igarapés de águas transparentes, que serpenteiam a floresta, feitos pela cobra grande boiuna com seu rastro.
Quero continuar a escutar o uirapuru cantar e o guinchar das araras e periquitos que bagunçam o teu silencio.
Quero somente rios barrentos de assoreamento, não de rejeitos de minérios que matam tua fauna.
Humanos? bastam os que aqui vivem irmanados com os povos nativos, que não depredam; tão somente a subsistência.
Choro porque não te quero lenda como as do Boto Namorador, Matinta Pereira, Mapinguari, Muiraquitã, ...
Não quero um Brasil inteiro chorando.
Ruy da Fonseca.
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*Poema selecionado para integrar coletânea literária Prêmio Absurtos 2021.
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