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Centrão-raiz

Atualizado: 15 de jul. de 2022

Há quem veja na cerimônia desta tarde, no Senado, a antecipação do resultado das eleições que ainda não aconteceram e muitos pensam que nem acontecerá. Não faltam razões para pensar assim. Nem será levada em conta por boa parte dos eleitores o futuro imediato ao 31 de dezembro deste ano. As manobras e pretextos usados pelos engenhosos elaboradores da inusitada alteração constitucional emparedaram (para usar a linguagem dos analistas) os que se consideram oposição. Colocou-os todos em uma sinuca de bico, esta sim, talvez marcada pelo mais audacioso ineditismo. O uso da guerra Ucrânia X Rússia ou qualquer outro desenxabido pretexto sobrepôs-se às proclamações democráticas e supostamente austeras dos antes defensores intransigentes da moralidade e da necessidade de conter os gastos. Ao final, todos mostraram-se (façam-se as exceções de praxe) de alguma forma avalizadores dos membros do Centrão. Neste caso, as diferenças com os originais da espécie decorrem de uma circunstância, tendo, portanto, nada de substancial. A trajetória do Presidente da República viu coroada sem grande percalço sua fidelidade às inspirações e móveis que fazem o Centrão mandar no País. A Lei de Responsabilidade Fiscal, a que renunciam agora muitos dos que a aplaudiram e reivindicaram, cai por terra, sem choro nem vela. É e será cada dia mais fácil ver-se e ouvir-se o acender e espocar de foguetes, saudando o renascimento da probabilidade de influir no resultado eleitoral. Se, de fato e de direito, ele for realizado. Para não levantar qualquer suspeita sobre a desejabilidade da confecção do colete constitucional (não passa disso a PEC tão festejada), à frente da mesa que dirigiu os trabalhos sentaram-se expoentes da crítica à prática do toma-lá-dá-cá. Até o improvisado cantor que repetiu o estribilho “se gritar pega o centrão...” fez-se presente, com a sem-cerimônia de que se fez notório praticante. Se Deus houvesse e a ele fosse dada a oportunidade de comentar o que fazem na Terra os que se dizem seus fiéis seguidores, certamente estaria a perguntar-se: onde é que eu errei?

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