Por mais simplificado que seja, o conceito de terrorismo como a prática sistemática de coação física ou psicológica como instrumento de controle social, é o que alcança maior grau de consenso. Em geral atribuído a uma das mais agudas e críticas fases da Revolução Burguesa (França, 1789), o terror é identificado por alguns historiadores no sec. I d.C. Dando-se crédito a essa interpretação, os judeus oprimidos terão sido os primeiros terroristas da História. Talvez - quem sabe? - os inspiradores de Ben-Gurion, o primeiro governante do então infante Estado de Israel (1948). A intervenção de um brasileiro, Oswaldo Aranha, nas discussões de que resultou a fixação dos limites territoriais da recém-nascida unidade nacional, é geralmente destacada. Condição para criá-lo foi designar território que acolhesse os palestinos, espalhados em várias regiões do Oriente Médio. Inclusive em áreas integrantes do Estado de Israel. Hoje, estimam-se em 20% os habitantes de origem palestina. Uma espécie de compensação do holocausto, nem por isso os sucessivos governos israelenses levaram a sério os compromissos assumidos sob a coordenação de Aranha. A solidariedade da comunidade internacional àquele sofrido povo não foi correspondida. Nem as outras nações e seus respectivos governos fizeram o que estaria ao seu alcance, para dar aos palestinos as condições mínimas de sobrevivência digna, inclusive com a autodeterminação indispensável. Até o ano de 1967, as relações internacionais e a guerra fria levaram ao esquecimento dos compromissos do acordo de que emergiu o Estado de Israel. Naquele ano, usando pretextos mais que razões, os governantes israelenses avançaram em territórios prometidos aos palestinos
Lá, impuseram política colonialista em nada diferente do que a História tem registrado. O terrorismo israelense, a partir das ações do próprio governo, transformaram boa parte da colônia em a maior prisão em céu aberto que se terá conhecido em toda a História. Mesmo os que negarem o caráter de terrorismo de Estado hão de admitir ilegítimas e ilegais essas práticas que, finalmente, construíram a tragédia atual. Condenar o Hamas, um grupo de terroristas, sim, sem fazê-lo em relação ao governo direitista de Israel é validar o terrorismo e legitimar o terror como instrumento válido de luta política. As ameaças de Benjamin Netanyahu, antes praticadas quase totalmente sob as sombras, agora se tornaram explícitas. Ele não admite qualquer tipo de negociação e dá prazo inexequível para a saída dos palestinos do território que lhes caberia ocupar em paz e produtivamente. Como Israel faz, no espaço geográfico que a decisão da ONU assegurara. O fato de expor cadáveres de crianças mortas, se não diz coisa mais grave, revela o sadismo dos governantes israelenses. Mas os meios de comunicação ocidentais parecem cegos.
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