De Delfim Netto, elevado à santificação pelos que chamam milagre à excepcional concentração de renda lograda pela ditadura, dizem-se muitas coisas. Uns o tinham como carreirista ou oportunista, enquanto outros reconheciam seu talento argumentativo. Raramente, a favor da maioria. Afinal, ele terá sido o único a dizer inequivocamente: façamos o bolo crescer, para depois dividi-lo. Sempre crescendo, o bolo incha, inchando cada dia mais a desigualdade. Talvez o milagre operado por Delfim consista na resignação dos que acompanham, distantes de qualquer benefício, a inchação do bolo. Esta, porém, era uma das facetas do economista (ou contador?) que assinou e achou quase generoso o Ato Prostitucional n° 5. Outra - e é principalmente para revela-la que agora escrevo - é sua qualidade como interlocutor. O bom-humor beirando a ironia mostrava seu pendor à sedução que sem muita dificuldade seria tida como demagógica. Conto agora a história. Membro do então Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social - CDES da Presidência da República, estava na plateia de uma das conferências que Delfim fez para aquele colegiado. No momento de interpelar o conferencista provoquei-o, perguntando algo que destacaria as contradições entre o que dissera ali e o que fizera, durante a ditadura. Delfim iniciou sua resposta destacando sua proximidade e estima com os Seráfico de Assis Carvalho, ramo de minha família radicada em São Paulo. Depois, exerceu o magnetismo que muitos viam nele. Um escorregadio, como tantos, vistos por outros como hábeis.
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