Pouco seria de esperar, quando a escolha de um ministro da Ciência e Tecnologia dispensa os cuidados que qualquer governante sério seguiria para escolhê-lo. É sabida a pobreza do elenco onde o Presidente da República poderia ter recrutado o titular da Pasta, mas não só dela. A grande credencial justificativa da presença de Marcos Pontes no MCT&I terá sido a carona de que desfrutou, em certa viagem aeroespacial. Isso levou-o, e aos admiradores da mediocridade, ao posto mais alto na estrutura dos órgãos prestigiados nas nações governadas por seres minimamente inteligentes. Independentemente de suas preferências ideológicas, como se pode observar. Se só há ouvidos para ouvir o que lhe ditam a conveniência e a subserviência certamente não é conduta louvável, seja a pasta da Ciência e Tecnologia, seja qualquer outro setor da administração pública. Não é para isso que os contribuintes pagam impostos. Pior, ainda, quando a absoluta incapacidade e o deslumbramento pelo exercício do cargo somam-se para ditar a orientação do setor (des)administrado. Por isso, chegamos à situação melancólica enfrentada pela Ciência e pela Tecnologia. Devolvemos ao mundo o direito de formular juízos de que pensávamos já ter fugido, e marcar nossa presença no cenário com imagem distante da que pouco a pouco nos mostramos capazes de projetar. Ao lado disso, e em harmonia perfeita com as diretrizes reinantes, vemos desmontados os setores relacionados à Ciência e à Tecnologia, uma verdadeira guerra contra o conhecimento. Fazemo-nos cegos por opção, com a agravante de ainda dar atenção - quando não o aplauso - ao desmantelamento de importantes sistemas públicos, de que o exemplo mais contundente e repugnante relaciona-se ao SUS. Talvez porque de lá veio o limite às políticas destinadas a produzir muito mais que os quase 700.000 mortos pela covid-19. Na educação não tem sido diferente. Embora colocadas nas primeiras posições da América Latina, nossas universidades públicas amargam o corte de verbas, a tentativa de retirar-lhes a autonomia e restrições de toda ordem. Neste caso, o exemplo maior e mais trágico está no suicídio de um reitor (o da UFSC), que fugiu à doença transmitida por um vírus, mas não teve como escapar da ação de vermes vestidos de paletó e colete. Chegamos, assim, a uma nação em processo acelerado de sucateamento. A desindustrialização, fenômeno quase unanimemente apontado pelos mais diversos setores, não é menos que a tradução, na linguagem dos negócios e da Economia, do que vem ocorrendo nos demais setores da administração pública. Ninguém pode se admirar, portanto, de até a FIESP firmar posição contra a pretensão de sucatear toda uma nação. Do outro lado, os que exaltam e homenageiam torturadores e pretendem retornar a período trágico de nossa História sabem por que e como a democracia não lhes convém.
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