Recente encontro do Partido dos Trabalhadores gera fraturas expostas nos arraiais sob o comando de Lula. O que ocorre lá revela uma realidade rejeitada por grande número de petistas de primeira hora. A rigor, são esses os que mais se incomodam, menos com a conduta do líder que com o futuro que parece à espreita de qualquer escorregão. O Partido dos Trabalhadores, uma promessa quando mal saídos da ditadura buscávamos prumo e rumo, agora enfrenta crises menos fáceis de superar. Mesmo os jamais filiados a ele compreenderam o papel que poderia jogar, se as propostas inaugurais não se fossem dissolvendo no tempo. Nem seria tão difícil, no tempo em que qualquer avanço superficial e precário ocorresse, dar as mãos aos metalúrgicos liderados pelo então operário do ABC. A realidade nem sempre consegue desmentir certos juízos que pouco têm a ver com ela. Assim é, se lhe parece. Pois a aparência revolucionária só se concretiza se há revolução. As primeiras baixas nas fileiras do PT afastaram de seus quadros parte dos intelectuais entusiasmados com o surgimento do Partido. Octávio Ianni, Warwick Kerr, Francisco de Oliveira incluem-se nesse rol de pioneiros. Profissionais e políticos respeitáveis, como Tarso Genro e Olívio Dutra vieram depois, mas não foram os últimos. Se muitos não deixaram formalmente os quadros oficiais do Partido, reduziu-se seu protagonismo. Isso não tem bastado à oposição e à direita burra e desonesta para estancar acusações ridículas de que Lula é comunista. Ou de que o PT é uma organização da esquerda-raiz. Nem uma coisa, nem outra. Lula, como se sabe, só recentemente admite ser um homem de esquerda. Não é preciso sequer lembrar a recusa em participar do partidão, nas vezes em que seu próprio irmão o convidou a juntar-se a ele. Isso não invalida os avanços inegáveis dos governos Lula, ainda que a fácil destruição de tudo quanto ele fez de positivo escancare as bases frágeis das conquistas. Tudo isso pode estar gerando o clima reinante no encontro do Partido dos Trabalhadores. Sobretudo se levarmos em consideração a idade do cidadão Luis Inácio Lula da Silva. Presidir uma república não é o mesmo que disputar uma partida de futebol. Tanto quanto pernas e pés, porém, a cabeça e a vontade chegam a um ponto de cansaço.
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