Erro de cálculo ou o que seja, Lula parece ter-se metido naquilo que os antigos chamavam camisa de onze varas. Os mais modernos e também mais superficiais dirão que o Presidente brasileiro vestiu uma saia justa. Dar nome, científico ou vulgar, ao envolvimento dele na cena tosca e autoritária de Nicolás Maduro não é o mais importante a comentar. Nem têm sido apenas as vezes em que a oposição brasileira revela seu mais abjeto e inadequado oportunismo as responsáveis pelas dificuldades enfrentadas agora, de que pode resultar algum prejuízo para o bom conceito de que desfruta a diplomacia do Brasil. O Presidente da República não está sozinho neste novo embrulho. Acompanha-o, correndo igual risco, o assessor especial de relações exteriores, o diplomata Celso Amorim. Respeitado no Mundo inteiro por sua atuação profissional, digna dos melhores dias do Itamaraty, talvez nem ele mesmo contasse com a crescente dificuldade que o governo teria em relação à conduta do sucessor de Hugo Chávez. Lula, sabe-se desde os primeiros dias do seu terceiro mandato, sonha com um alto posto em organismo internacional. Pode até não ser o de Secretário-Geral da ONU, mas certamente há outras posições que lhe enchem os olhos. Para os que ainda duvidam, o périplo de 2023 por várias nações serviu para atrair simpatias e pavimentar uma carreira internacional. Não, necessariamente, nesta ordem de prioridade. A simpatia seria necessária, dadas a escassa diferença de votos que o tornaram vencedor nas eleições presidenciais e a disposição de seu opositor virar a mesa. Dar o golpe de estado, afinal frustrado. Quanto a esse segundo propósito, Lula colheu frutos. Se bons ou maus, tudo indica prematuro avaliar com alguma consistência. Em relação à carreira internacional, alguns cartuchos foram queimados, outros também poderão ter o mesmo destino. A interferência na guerra Estados Unidos da América do Norte/OTAN contra a Rússia, em território ucraniano, aos poucos vai sendo até esquecida. A reconstrução do MercoSul também não vai lá muito bem das pernas. Mais recentemente, o tratamento dispensado a Nicolás Maduro ameaça ser a pá de cal no projeto pessoal de Lula. Não pelo caráter autoritário do governo venezuelano, eis que outras ditaduras não têm levado a oposição à mesma indignação. Nem ela, nem seus patrocinadores, em geral afinados com os interesses e as palavras de ordem de Donald Trump. Se Kamala Harris suceder Joe Biden e mantiver o ânimo belicista dele, Lula terá poucas chances no cenário internacional.
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