Coveiro
não faz a morte
não traz a morte
esconde
produto da vida
leva os que recebe
para outro
onde
papéis flores
pincéis coroas
crucifixos velas
metais salões
poltronas
o agente funerário
cenografia de peça
em ato único
derradeiro
da Terra tira
sob a terra acomoda
o que não será o último
sem ter sido
o primeiro
Coveiro e agente
em que pese a figura
nenhum é Zeus
que com seus raios
faz a carne dura
não é também
de Caronte que se trata
sendo exata aquela
ponte
transformada a vida por
sentença inata
balanço da vida
Entre artigos e passivos
o cartorário registra
em tristes livros
números e nomes de uma
conta
sempre produzida pelos
vivos.
Manaus, 10.02.2021
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