Dentre tantas outras manifestações da barbárie, está em acelerado processo de normalização a prática do linchamento. Na semana passada, um motorista foi morto na via pública, por um grupo de motociclistas. Um dos colegas dos linchadores foi atropelado e, mesmo sofrendo pequenos ferimentos, foi usado como pretexto para a execução do condutor. Mesmo que todos os autores da barbaridade constituam exceção - o que é pouco provável - dentre a enorme quantidade desse tipo de condutor que inferniza a vida de pedestres e motoristas de Manaus, o crime não pode ser dado como fato admissível. Até onde alcança a percepção dos habitantes da capital amazonense, muitos motoqueiros agem como marginais, eis que dirigem seus veículos de duas rodas sem observar as regras de trânsito. Os registros policiais e o noticiário atestam quanto esse tipo de profissionais, sob o pretexto de exercer atividade que lhes assegure a sobrevivência (nem sempre, sabe-se!), complica a vida dos moradores da cidade e multiplica os riscos que as condições das pistas de rolamento impõem aos condutores e pedestres. A rigor, qualquer que seja o número dos que fogem a essa conduta, a grande maioria dos motoqueiros desobedece as normas estabelecidas, por isso não sendo injusto dizer deles que são marginais. Não se contentam em dirigir à margem das faixas que lhes são reservadas em insuficiente quantidade, para porem-se igualmente à margem da Lei. É como se para eles o ordenamento jurídico inexistisse, devendo a população submeter-se a um Direito correspondente à mais antiga barbárie. O direito por eles estatuido, à revelia dos próprios poderes que se negam a reconhecer. A punição rigorosa dos linchadores, se não ocorrer, apenas revelará a cumplicidade das autoridades com a prática restaurada pelo fazendeiro e capitão norte-americano William Lynch, que certamente a terá conhecido na Biblia. A passagem a que se refere o livro sagrado é aquela em que Jesus evitou a morte, por apedrejamento, de uma adúltera. A forma primordial e precoce do linchamento, naquele tempos
Atualidade da barbárie
Atualizado: 26 de set. de 2024
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