Dizem os operadores e beneficiários que será melhor agir no atacado que no varejo. Os ganhos sempre serão maiores, menores as dificuldades. Enquanto a covid-19 mata cada dia um milhar de brasileiros, condenam-se milhões sobreviventes à pandemia. Outro não é o significado do tiro de misericórdia (tiro, sim, o remédio de que se valem os necropolíticos) dado pelo Procurador Geral da República ao grupo-tarefa da Lava Jato. O processo de destruição da indústria nacional, a morte por estrangulamento e asfixia do Estado brasileiro sequer podem ser combatidos com vacina. Remanescerão, portanto, ampliando os mais de 14 milhões de desempregados oficiais, números também marcados pela subnotificação. As culpas atribuídas a Lula não se alteram, menos porque seus mais destacados perseguidores estão absolutamente desmoralizados. O ex-Presidente ainda há de enfrentar outras pelejas, no futuro expurgado dos atuais responsáveis pelo que Hélio Schwartsman chama requiem da Lava Jato. E que a jornalista Cristina Serra denomina espetáculo policialesco-midiático, louvada em um norte-americano chamado Jay Rosen. Não é que Luis Inácio Lula da Silva seja um anjo, nem que desmereça as investigações que se podem promover contra qualquer outro cidadão. Fazê-lo, porém, seguindo as regras do que se chama devido processo legal é uma coisa; substituir as práticas amparadas na Lei e na Constituição, porém, é coisa bastante diferente. Moro e Dalagnoll terão muito trabalho pela frente, em volume algumas vezes maior que o assumido quando posavam de cruzados da moralidade. Nem a eles se pode aplicar o velho aforisma de boas intenções o inferno está cheio. No caso deles, as boas intenções não eram mais que peças de cuidadoso marketing, como as informações que o Ministro Levandowsky expôs à curiosidade, nem sempre maliciosa de toda a nação, o revela. A desmontagem da Lava Jato, jamais tentada pelos acusados iniciais, operou-se e deixará sequelas. A pior delas, desanuviar o ambiente em que mourejam o Presidente da República e seu circulo mais íntimo e confiável. Se mesmo na presença de boas intenções, a barra é pesada, imagine-se o que será agora! Pena que o inferno sobra para os que, bem-intencionados (ignorantes em demasia, às vezes), não têm olhos de ver. E, mesmo sobrevivendo, é discutível se verão. Inferno e inverno parecem aproximar-se.
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