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Aranha não arranhou o rato

Veio-me à lembrança, no início desta semana, o período mais nefasto por que passou minha geração. Entrávamos na idade adulta, quando o País abria as portas ao autoritarismo em grau de que a ditadura de Vargas sequer passou por perto. E é bom lembrar que Hitler não mais vivia, nem mesmo o fantasma de Stalin perambulava pelos cinco continentes. A boa memória fez-me reter muitos dos episódios conhecidos, como fruto da ditadura iniciada no dia da mentira, naquele ano de 1964. Então, dentre os alvos dos usurpadores do poder estava o Poder Judiciário. Era preciso fragiliza-lo, porque o pior coletivo de juízes jamais será pior que a mais disfarçada ditadura. E vieram as cassações de mandatos parlamentares, e dos direitos políticos de magistrados. A Política incomoda os ditadores, tanto quanto a Justiça os incomoda. Hoje, quando se abrem as cloacas onde se acomodam e de onde escorrem os valores cultuados pela extrema direita, chegou a vez de Israel. Sim, aquele povo vitimado por outro ditador, um cabo austríaco, leva ao poder um líder capaz de assemelhar-se àquele que um dia tentou eliminar seu próprio povo. Os brasileiros, em especial os judeus que para aqui vieram e sua descendência não podem silenciar, se alimentam e mantêm algum respeito por Oswaldo Aranha. A atuação desse brasileiro, se não tivesse feito nada mais (e não é o caso), bastaria para dar a ele lugar destacado na História, pelo quanto tem seu nome vinculado à criação do Estado de Israel. Assusta-me mais que me causa tristeza, ver a adesão de muitos judeus às prédicas e práticas aprendidas de Hitler e seus servis cúmplices. É como se o Tribunal de Nüremberg não passasse de clamorosa ficção, e não tivessem sido sacrificados mais de seis milhões de judeus. Por isso que, mortos nas câmaras de gás ou nos campos de concentração, é preciso matá-los mais uma vez. Nesta oportunidade, com a adesão e a cumplicidade de muitos que nasceram graças à ação benemérita que o político brasileiro tão bem soube realizar. Neste caso, Oswaldo Aranha não conseguiu sequer arranhar o rato. Diferente da canção de Caetano Veloso.

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