Há cegos por preferência, ignorantes também. Impossibilitados originariamente de desenvolver percepção que se sabe reservada aos animais ditos inteligentes, são espécimes aos quais a sobrevida oferece mais atrativos que a vida em sua plenitude. Anima-as, se não somos exigentes de reflexões sobre o conteúdo do que se chama anima (alma), o simples respirar. Os mesmos que tratam de aproveitar, até que chegue a hora de pagar por isso - em moedas, só o que lhes interessa. Daí certas condutas e afirmações toleráveis apenas sob pesada treva. Desses seres assemelhados apenas fisicamente aos que chamamos seres humanos, pode-se colher rico e variado elenco de oportunidades de aprendizado. A vida está diante de nós, sendo decisão personalíssima nelas encontrar frutuoso e permanente aprendizado. Essa desatenção ao fato de que o homem (falo aqui dos seres realmente humanos) está e sempre estará exposto às circunstâncias, sendo ele mesmo um dos construtores do seu entorno, acaba por prejudicar os avanços de que a sociedade - uma invenção genial do próprio homem - se mostra carente. Se, por um lado, o cenário resulta do encontro, às vezes desencontros, das vontades individuais, da diferença devem ser aproveitadas a abundância de alternativas, tanto quanto a maior probabilidade de arranjo virtuoso. Não é este, todavia, o caminho que vimos trilhando, os brasileiros destes tempos, sombrios e desanimadores. A título de defender a democracia, os pontos definidores do modelo herdado da Grécia Antiga são escolhido como alvos do ódio e da agressão. Os direitos inerentes à pessoa humana são postergados, face às aspirações autoritárias inspiradas em ódio e rancor. A república à qual se devem proclamações tonitruantes vê-se cotidianamente desafiada. Sugerem-se decisões e ações inibidoras de qualquer propósito de paz, sob as ameaças dos que detêm armas. Estas, diga-se, compradas pelos governantes com o tributo pago por aqueles que as deveriam ter como proteção, sobretudo dos direitos inscritos na Constituição. Assim, e no caso especial do Brasil, não é apenas a pandemia a causa de tantas mortes (670 mil, sempre será bom lembrar, até que os números sejam tragicamente atualizados), porque também o pandemônio se estabelece. A nação experimenta o salve-se quem puder, e caminha célere em direção à caverna de onde ousou sair. Pandemia e pandemônio, portanto, fazem a diferença entre a civilização e a barbárie. Quantos precisam aprender isso? Se não estou sendo demasiado otimista em admitir a hipótese de tal aprendizado...
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não há como discutir qualquer questão com bolsominions