Vivêssemos em condições consideradas normais, do ponto de vista político e psicológico, seria fácil prever o resultado das próximas eleições. A realidade posta à nossa permanente atenção, todavia, impede aposta minimamente razoável. Tão poucas vezes o País se viu tão desprestigiado quanto hoje; a inflação, ignorada pelo menos no grau hoje registrado é fenômeno inédito para as três mais recentes gerações; o modo como se têm comportado os dirigentes do Estado brasileiro face às dificuldades enfrentadas não tem comparação com o passado, recente ou remoto. Incapazes de ser mais que supervisores de serviços de segurança privada, mesmo postos no exercício de altas funções executivas jamais chegaram ao nível em que mergulham os atuais governantes. A imagem do Brasil no cenário internacional nunca esteve tão perto do chão quanto a que hoje experimentamos. O desemprego e a fome, obriga a História dizê-lo, não causaram tantos males quanto os que hoje se abatem contra o povo brasileiro. Comparada à gripe espanhola, a covid-19 não repetiria o quadro que escritores do passado desenharam daquela pandemia, tantos os avanços científicos e tecnológicos conquistados, desde aqueles primeiros lustros do século XX. Também, incapacitados para o exercício de funções públicas, os administradores de ontem não alcançaram o nível de rebaixamento a que vem sendo levada a máquina oficial brasileira. Com a agravante de que atuais ocupantes dos postos-chaves parecem esforçar-se para destruir, não construir um Estado e uma sociedade afinada com o que s tem chamado civilização. Esse o cenário, esse o clima em que ocorre a campanha eleitoral deste 2022. À revelia e em ofensiva às próprias normas legais vigentes, quando se sabe antecipada nos atos a que todos assistimos, típicos de agressões a cada etapa do período eleitoral. Pode ser que algumas das pesquisas de intenção de voto venham a concretizar-se, em 02 de outubro próximo. Mesmo isso não está suficientemente esclarecido, sabida a participação ativa de segmentos constitucionalmente impedidos de interferir no processo político. Suas funções de Estado o impedem, mas isso nada quer dizer, nem sugerir aos interessados. Sequer há a consciência dos riscos a que pode levar tamanha indiferença diante da reiterada ofensa à Constituição, como se vivêssemos os tempos da pedra lascada. À desorganização da sociedade, estimulada, perseguida e usada como instrumento de submissão de terceiros corresponde a organização de grupos armados, às vezes até sob o pálio de organizações oficiais. E são elas as mais bem aquinhoadas, quando se trata de melhorar as condições de operação e remuneração dos seus respectivos quadros. Não faltarão, consumado o desastre, se não provável, possível, na Bíblia e nas previsões de Nostradamus referências ao Apocalipse.
Apocalíptica
Atualizado: 13 de jun. de 2022
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