Animais diferentes

Adivinhem o país em que boa parte dos cidadãos joga fora seu tempo, entretida em falar mal da política e maldizer dos políticos. Pensem, também, em uma sociedade cuja maioria alega fé em Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que proclama que bandido bom é bandido morto. Junte a isso tudo o protesto contra a corrupção, concomitante ao recebimento, pelo protestante, de propina oferecida por cliente do serviço público. Se deseja ir além, considere o voto de pessoas que se dizem de bem, simultaneamente ao recebimento de oferendas diferentes das que são lançadas ao mar, todo 2 de fevereiro. Pronto, você terá descrito o Brasil e os padrões (ou a falta de) éticos que orientam a politica da terra em que se plantando, tudo dá. Aristóteles que vá pro inferno! Menos pelo que afirmou, mas pelo que (não) entenderam alguns supostos similares do animal classificado pelo filósofo grego. Espécimes assim passam longo período da vida, entregues à tarefa de combater o Estado, até o dia em que se rendem às delícias do poder. Enrustidos em seu universo particular, engrossam o coro dos detratores do Estado, para logo buscarem abrigo em alguma das legendas de aluguel. Daí à candidatura que os porá mais próximos dos gabinetes e cofres oficiais, é um curto pulo. Não lhes falta dinheiro para convencer o distinto público de que se trata de decotados benfeitores da humanidade, ainda que lhes faltem conhecimento e sensibilidade em relação aos problemas do cotidiano da maioria dos cidadãos. Se lhes disserem que falo, sem intenção exaustiva, de Dória, os zeros à esquerda todos, Pablo Marçal, Gustavo Lima e as bancadas da bala, do boi e da Bíblia, não os desminta. Agradeço.