A intolerância, o preconceito e sei lá mais quantos vícios têm alimentado a discriminação espalhada pelo mundo. Um dos alvos da generalização desses vícios são as organizações não-governamentais, as ONGs. Ignorar o papel deletério, às vezes até criminoso, que muitas dessas organizações desempenham, mais que desatenção, sugere cumplicidade. Desconhecer os benefícios que outras delas levam às parcelas mais sofridas da população, mundo afora, sugere perversidade. É de uma dessas entidades benfeitoras que trato aqui, o Médico Sem Fronteiras, MSF. Impressionam os números divulgados pela MSF, no relatório de 2019. A ação benfazeja da ONG ocorre em praticamente todos os continentes, a maioria (259) dos projetos executada na África, 59% do total. No Oriente Médio eles são 70, enquanto na Ásia são 55. O continente americano registra 32 ações, restando 17 na Europa e 3 no Pacifico. Tudo isso, com despesas de 53% do orçamento gasto no pagamento de profissionais. As equipes de saúde da MSF espalhadas pelo mundo atenderam a multidão que se conta em quase 18 milhões de pessoas e/ou famílias, desde consultas ambulatoriais (mais de 10 milhões de atendimentos) até cirurgias com anestesia (112.100 casos); partos assistidos, inclusive cesarianas (329.900), além do tratamento de pacientes portadores de HIV, tuberculose, hepatite C, meningite, sequelas de violência sexual, cólera e malária. Imunização, alimentação e atendimento de adoecidos mentais se incluem dentre os serviços prestados pela Médico Sem Fronteiras nos países mais pobres deste infelicitado Globo terrestre. Ou, como nos circos, um Globo da Morte?