É preocupante o recrudescimento da violência no Brasil; da violência física, direta, que deixa trauma, que tira a vida.
Tenho visto declarações de especialistas e todos, aqueles ouvidos pela mídia, atribuem o problema à ausência do Estado nas áreas de conflito.
Isto é o que Marilena Chauí chama de verdade lacunar, o mesmo que a sabedoria popular classifica de meia verdade.
Esconde-se que o Estado é dominado por uma elite econômica, responsável por uma das maiores desigualdades sociais do mundo. A violência é resultado dessa condição, é sua matriz e a maior de todas as violências.
Quando se fala em ausência de políticas públicas em regiões consideradas vermelhas, há sempre o interesse de jogar a culpa na política, como se esta fosse uma força motora desvinculada de grupos e classes econômicas. Tenta-se, com isso, camuflar a verdadeira causa e colocar a questão como transitória, não estrutural.
A violência se agrava na mesma proporção que se agrava a desigualdade social. O fim ou a diminuição das políticas compensatórias, por exemplo, é uma violência que gera outras violências. A elite brasileira, umas das mais cruéis do planeta, é a grande responsável pelo agravamento dessa mazela.
Com o golpe e a eleição de um governo adepto da violência e bajulador das elites, a tendência é piorar, infelizmente, afetando aqueles que já são vítimas.
Lúcio Carril
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