Parece óbvia a resposta, tanto o palavrório gasto para ergue-la como virtude estimada, cultivada e cultuada. Não há, contudo, qualquer obviedade, quando comparamos solenes proclamações com as práticas vigentes. Frequentemente, coincidem os que assumem postura falsamente indignada, com os que não perdem a oportunidade de espancar a verdade. Muitos deles, cobertos de títulos acadêmicos ou titulados em contas bancárias que vida centenária não assegura à grande maioria. Mais grave, ainda, é o falso uso da verdade para defender, justificar e recomendar o permanente e cada dia mais agressivo espancamento dessa virtude. É fato que por todos os continentes têm prosperado decisões e ações fundadas no que, para não fugir à vocação subserviente, se tem chamado fake-news. Muitos dos que assumem a defesa dessas práticas ainda acham de entende-la como ação ligada à liberdade de expressão. Conduta que, diante de qualquer tentativa de legitima-la, corresponde à liberdade de produzir e disseminar mentiras. Nada mais, nada menos que isso. Desde que os homens de bens viram a possibilidade de a mentira servir aos seus maus propósitos e ao enriquecimento ou ganho de poder, multiplicou-se o interesse por obstar qualquer iniciativa para combater a deformação da verdade. Maior a incompatibilidade do interessado com a vida real e com a democracia, mais proliferam iniciativas destinadas a manter incólumes e protegidas as redes de disseminação da mentira. Tudo, porque os homens de bens que representam, às vezes contraditoriamente, os que
nada têm, não podem ser confundidos com homens de bem. Estes, parece, cada dia se tornam mais escassos. Os outros, daninhos como as ervas que mais o sejam, ostentam enorme capacidade de reprodução. Em todo caso, dos poucos dos homens de bem que restam- e só deles - poderá vir a resposta.
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