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A queda dos impérios

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

A História, repetida apenas em farsa, parece atribuir à sociedade dita humana a dialética que a coloca em movimento. Junto com as conquistas vêm os ingredientes da falência, dure o tempo que durar sua pretensa superioridade ou seu ânimo dominador. Desde a Antiguidade, impérios foram construídos, cada um deles sujeito às tecnologias existentes, que as idades posteriores só fizeram tornar mais complexas, abrangentes e eficazes. Para não chegarmos no passado mais distante, basta lembrar os efeitos das explosões que os norte-americanos provocaram em Nagasaki e Hiroshima. A euforia causada pelo êxito da fatal empreitada (250.000 seres humanos morreram nas primeiras horas após as explosões) trouxe com ela a promessa de que um dia a tecnologia nuclear acabaria por ameaçar todos os terráqueos. Não era esse o problema a ser enfrentado pelas nações mais poderosas, as mesmas que supostamente ganharam a Segunda Grande Guerra. Na verdade, à vitória militar não correspondeu a vitória política e ideológica, a despeito da visão otimista e ainda triunfalista dos que puseram os alemães para correr. Dali até aqui, sofisticou-se a tecnologia, e enquanto era inventada a pílula anticoncepcional e alcançada a convivência com os coquetéis anti-aids, surgiram interpretações religiosas postas a serviço da dominação – da natureza e da sociedade humana. O que seria um império de duração milenar, aparentemente abortado em 1945, ruiu – e ruiria, mesmo se a bomba atômica experimentada nas duas cidades japonesas não tivesse sido usada. Pôs-se ali, pelo menos provisória e parcialmente, fim à tentativa do genocida Adolph Hitler. Outros impérios antes haviam ruído, cada um deles deixando marcas na trajetória dos povos e seus respectivos estados. As fases históricas conhecidas (Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea) foram se sucedendo, cada ruptura correspondente ao declínio do poder imperial e à redistribuição do poder entre as nações mais ricas. Caiu o império do Oriente, seguiu-se a queda do império do Ocidente. Depois disso, a queda da Bastilha nos desembarcou no que chamamos Idade Contemporânea. De permeio, ideias chamadas iluministas inspiraram a ascensão das classes dominadas, até o momento em que o absolutismo não conseguiu deter a força das ideias propagadas por gente como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Franklin, Richelieu, Montaigne, Morus, Maquiavel e tantos outros pensadores. Construíram-se novos impérios, mas o propósito de evitar que o sol se pusesse não sobreviveu às forças e à dinâmica sociais. O avanço do capitalismo também impôs sobre o Planeta a força de seu poderio (material e tecnológico, em especial), subjugando povos e nações, controlando estados e castas, de que resultou a formação do império sediado na Casa Branca. Também em Moscou, com menor força e menor disponibilidade de capitais. Mesmo a China milenar se viu atraída pela onda retrógrada, que fez de seu império não mais que um estado capitalista. Percebe-se, neste caso, não ser o mesmo o projeto chinês. As autoridades da China, a cada novo pronunciamento, dão a impressão de estarem satisfeitas com os resultados econômicos e culturais que os têm aproximado do que se chama Ocidente. Não deve ser fácil alimentar e manter ocupados bilhões de seres humanos. Hoje, assiste-se ao declínio do que poderá ser o último dos impérios, socorrido sempre com o uso de armas letais, à falta de argumentos e valores mais condizentes com a espécie autoproclamada a mais inteligente de quantas a natureza criou. Tanto quanto os governantes de republiquetas inventam dificuldades para manter-se no poder, os impérios também usam artifícios para atingir o mesmo objetivo. Ora o estímulo e o fornecimento de armas para que outros morram fora do território sobre o qual têm jurisdição, ora a invasão direta de território alheio, assim se têm comportado os impérios. É bem o caso dos Estados Unidos da América do Norte, cujos estertores ainda custarão muito sangue. Além dos poucos pretos norte-americanos que serão a qualquer hora mobilizados (se se submeterem a isso, o que é incerto), farão correr o sangue dos países a ele submetidos.


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