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A função dos investimentos

É unânime a queixa, sobretudo do setor produtivo, relativa às condições do País, em quase todos os itens referentes à infraestrutura de transportes, energia e outros fatores que facilitem a reindustrialização necessária. Impossível discordar, primeiro da necessidade de investimento nesses setores; depois, das carências que impedem o fluxo de produtos sob condições de presteza e preço atraentes e lucrativos. Investir é preciso, portanto. Só se investe, porém, se há recursos disponíveis. Quando o Tesouro não tem mais do que o necessário para pagar sua própria manutenção, caberia ao setor privado fazê-lo. Sonegar impostos, porém, parece mais fácil. É vantagem, ao invés da pontualidade no pagamento dos tributos, reter dinheiro que deveria abastecer os cofres públicos. Nem por isso, os investimentos privados ocorrem, a não ser quando fundos e bancos públicos fornecem o capital. Um estatismo terceirizado, portanto. Do outro lado, os administradores pagam verdadeiras fortunas para a divulgação de suas obras e melhoramentos físicos e usam os números para revelar o êxito de sua administração. O triunfo vem embrulhado na divulgação da quantidade de recursos investidos na construção, reparação ou aperfeiçoamento de prédios, rodovias, transportes e equipamentos necessários à prestação dos serviços públicos, nos mais diversos setores. Ainda agora, alardeiam as autoridades da saúde o investimento de quase R$ 2 milhões em unidades de saúde. Ao mesmo tempo, registra-se no Estado a alta na identificação de síndromes gripais, no período. Só em fevereiro deste ano, 1.562 novos casos já foram registrados, mais de 120% em relação ao mês de fevereiro de 2022. Ainda assim, a Fundação de Vigilância Sanitária esclarece que esses resultados correspondem às 25 unidades do Sistema de Vigilância Sentinela. Certamente, se a apuração for estendida a todos os Municípios, os números e proporções serão alterados. Só não se sabe ainda se para cima ou para baixo. De qualquer maneira, e seja qual for o resultado da computação e análise das informações resultantes, uma advertência cabe. Ela consiste em substituir como razão de propaganda o valor investido. A função do investimento público não pode nem deve ser a alimentação da máquina de propaganda, mas o bem-estar da população. Quais os índices em que as enfermidades têm ocorrido, em períodos comparados? Quais as doenças que mais afetam a população em cada Município, e qual a variação de sua ocorrência, em períodos diferentes? A melhoria nas condições sanitárias da população deve ser a razão de todo investimento público. Algo tão fácil quanto levar em conta os fins, não os meios despendidos para alcançá-los.

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