Há algumas coisas que ainda estão por esclarecer, diante da recusa do governo moribundo e seus apoiadores em aceitar o resultado das eleições. Também das razões que justificam a prática do crime continuado, a despeito de a autoridade competente já se ter manifestado. O que traz outro aspecto a iluminar: os motivos por que o Poder Judiciário - o único com autoridade atribuída pela Constituição - não age como de seu dever - ou seja, coercitivamente obter a obediência dos delinquentes, ao invés de fingir que esqueceu suas próprias decisões, em sentenças, acórdãos e despachos. Ao que se sabe, a aglomeração à porta dos quartéis continua, tanto quanto o bloqueio de rodovias. Também se sabe da forma como têm sido repelidos movimentos de segmentos sociais representativos da multidão dos excluídos, substancialmente diferente da acolhida e da proteção que vem sendo dada aos agressores do Estado Democrático de Direito. Mesmo se não desejássemos estabelecer comparações, embora elas valham, bastaria atentar para certos pontos merecedores de reflexão. Um deles diz respeito à inscrição mostrada nos muros dos quartéis, onde se lê a proibição de estacionamento de veículos nos locais, tidos como área militar. Cada brasileiro tem uma história para contar, a respeito dos constrangimentos passados, se o veículo por ele conduzido sofreu uma pane e ele não teve como fazer, se não estacioná-lo na dita área de segurança. Logo lhe veio o membro da guarda do estabelecimento, impondo as restrições cabíveis, pelo que representa de ameaça a um bem da União. Qual a motivação dos manifestantes, nenhum dos quais ignorante do crime que vem praticando? O que esperam eles, e quem lhes fornece os bens materiais, inclusive alimentação, que lhes permite a prolongada permanência naquele local ? Certamente, os delinquentes mobilizados contam com apoio de terceiras pessoas ou instituições que ainda não se conseguiu identificar com a clareza necessária. Ou há de fato articulações golpistas destinadas a causar tumulto na passagem da Presidência da República ao qual 60 milhões de brasileiros emprestaram apoio? Nunca será demais lembrar o episódio promovido, patrocinado e desencadeado pelo ex-Presidente Trump, de que resultou a morte de algumas pessoas, além dos danos causados ao patrimônio público norte-americano. Então, o cumprimento da Lei de Transição é mera farsa, frustrada que será, se algo diferente da simples e cerimoniosa passagem de poder ocorrer? É hora de pôr as cartas (eu não disse armas, que estas devem estar ensarilhadas) na mesa e fazer valer o que vale em toda a democracia merecedora dessa classificação.
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