Embora urdido desde o primeiro dia de janeiro de 2019, o golpe que todos agora acham de denunciar encontrou caminho para avançar. O que poderia ter sido evitado antes, entrou em área da qual dificilmente sairá. Tivessem as chamadas oposições realmente atuado como se espera de qualquer setor que se opõe ao governo (qualquer governo, em qualquer lugar), a marcha teria sido interrompida quando os danos seriam menores. Os pretensos beneficiários dos governos (também neste caso, qualquer governo), que nunca abdicaram do enriquecimento fácil e feito à custa, de um lado, do dinheiro público, do outro, do aplauso fácil e da sabujice mais sórdida, estão sempre dispostos a enfrentar os que tentam interromper sua trágica caminhada. Para isso lhes são facilitados a aquisição de armas e seu uso. Nosso cotidiano o tem dito. Também não faltaram aos golpistas o calor das notícias encomiásticas, em permuta com polpudas verbas ou favores de variada ordem. Não se diga ter faltado aos agressores da Constituição o apoio de intelectuais cujo talento só se revela quando postos sob a sombra do poder. Não ficam fora dessa relação longa e abjeta de cúmplices, mesmo algumas autoridades do Poder Judiciário e do Poder Legislativo. Nesse caso, terão sido influenciados, primeiro pelo medo que os torna borra-botas contumazes. Depois, pelas vantagens advindas de sua leniência exagerada. Muitas são as capas com que se cobre a covardia de alguns, tanto quanto diversos os expedientes de que se valem, para também levar “o seu” em tudo quanto seus olhos alcançam. Esses são, também, beneficiários do golpe contra as instituições democráticas, o que não chega a ser novidade. Ninguém pode alegar ignorância ou inocência, se não como prova de absoluta indiferença pelos interesses da sociedade e o destino do País. Se há alguma coisa que ficou evidenciada antes mesmo de se ter instaurado no poder o grupo que hoje desgraça o Brasil, essa coisa é o golpe – em preparação acelerada, dizem uns; em marcha lenta mas segura, afirmam outros. Há, também, os que afirmam já ter sido dado o golpe, em 2016. O que veio depois não é se não a aceleração e o aprofundamento do mesmo processo. Agora, algumas vozes afinadas antes com os golpistas tentam mostrar-se distantes dos acontecimentos, alguns chegando a manifestar sua discordância. Sem rejeitar seu apoio, sem cobrar-lhes pelo que fizeram de mal ou de bem deixaram de fazer, recebamo-los e facilitemos a tarefa de carregar a mesma bandeira dos democratas. Sem nunca esquecer de seus nomes. Se possível, vigiando-os de perto, porque gente desse tipo não costuma ter a coluna muito firme. A não ser a quinta...
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