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Tenho experiência na gestão pública federal e estadual. Também tive a oportunidade de fazer uma pós-graduação em Gestão e Políticas Públicas na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Mas é na experiência que posso falar o quanto há preconceito com a região onde moro, a Amazônia.
Quando fui do governo federal tive que enfrentar as visões distorcidas que gestores de outras regiões tinham da nossa realidade. Muitas vezes, debate duro. Mas se tratava de preconceito cultural ou ignorância; alguns por questão ideológica; muito poucos.
O problema está na diferenciação regional e numa carga colonialista que domina mentes e estratos sociais nas regiões economicamente desenvolvidas. Quem conhece a história do Brasil sabe como se deu a ocupação territorial e o empoderamento de grupos dominantes.
É muito difícil um rompimento com essa postura colonialista. Até porque não há interesse de quem domina romper com essa desigualdade, criada a partir da diferenciação econômica.
Somos um país da diversidade cultural, mas de profunda desigualdade social. Qualquer projeto de desenvolvimento tem que considerar essas duas questões. Ou faz isso ou reproduz a miséria e a exclusão.
A Amazônia é um mundo, considerando o conceito da escola francesa de sociologia. Não é possível que burocratas e tecnocratas a entendam. Só num pleno exercício de estudo e presença na região.
O governo Lula não pode repetir a indiferença com a Amazônia de seus governos passados. Terá que construir uma gestão da região envolvendo os povos que aqui moram.
Terá que propor leis ao congresso nacional que sejam específicas para o bioma. A legislação ambiental do Brasil não contempla a diversidade regional. É preciso pensar nosso país na sua pluralidade.
Ou faz isto ou reproduzirá a desigualdade e não a diferença.
Lúcio Carril
Sociólogo
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