Dificilmente contribuímos para solucionar problemas, quando nos concentramos nas consequências, não nas causas. Quaisquer os números apresentados, eles não servem para mais que ilustrar a realidade que desejamos apresentar. A interpretação desses números, ainda mais se transformados em outras medidas matemáticas (médias e quejandos), é ela mesma explicitação do exemplo dado certa vez por Delfim Netto: se a cabeça de alguém está dentro de um forno a 90 graus e os pés num congelador que registra menos 10 graus, a média desse corpo será 40 graus. Daí a necessidade de os números serem interpretados. É quando entram no jogo os preconceitos, as ideologias, o interesses e tantos outros fatores de falsificação. Em síntese: números não bastam para explicar coisa nenhuma, se deles não se faz uso adequado - e honesto. No entanto, por esperteza, oportunismo ou mera desonestidade, haverá sempre quem prefira sofismar, enganando-se a si próprio - o que não seria de todo mal -,prejudicando mais ainda o outro. Tal divergência entre o propósito proclamado e a ação efetivada é o que mais se tem encontrado. Dentre as muitas caras desavergonhadas que ostentam cenho cerrado em palavras duras contra a corrupção, vai-se encontrar multidão de corruptos ou beneficiários dos atos criminosos que se apressam, com fúria e mentira, condenar. A esses interessa e interessará sempre distanciar-se do problema e de suas causas. Frequente nos media brasileiros, esse comportamento não só concorre para tornar aparentemente insolúvel a maioria de nossos problemas, quanto para gerar expectativas impossíveis de realizar e aprofundar a desigualdade que se conhece. Um exemplo dessa conduta predatória corresponde ao suposto combate contra o tráfico de drogas. Pergunte-se a qualquer pessoa, o que ela acha desse comércio ilegal! Não se encontrará uma só pessoa que aponte algum benefício social ligado ao fenômeno. A não ser algum dos beneficiários de tal comércio, Ainda assim, dizendo que o tráfico substitui a omissão do Estado e, por isso, gera emprego onde se instala. No entanto, montanhas de dinheiro são gastas nas atividades suposta e geralmente condenadas. No caso brasileiro, a realidade parece mais grave. A tal ponto, que até aeronaves militares têm sido usadas na prática criminosa. Nem se fale do envolvimento no tráfico de agentes públicos, com frequência ligados aos órgãos de investigação e repressão. Todos guardam enorme distância - dos interesses coletivos e, portanto, da resolução dos problemas que afligem sobretudo os mais pobres.
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